1. Enquadramento teórico
O Canadian Medical Association Journal publicou um estudo, no qual refere que, em adolescentes, existe uma associação direta entre o distúrbio do sono e uma maior probabilidade de ter colesterol alto, pressão arterial elevada e excesso de peso ou obesidade. Outros estudos indicam que adolescentes com privação de sono parecem ser vulneráveis a psicopatologias, como a Depressão, o Défice de Atenção, a Hiperatividade e dificuldades em controlar as suas emoções.
Para além das patologias e distúrbios, as horas insuficientes de sono afetam o raciocínio, a estabilidade emocional e o comportamento dos adolescentes [1]. Contudo, é ainda incerto o efeito da privação de sono a longo prazo na emoção, nas relações sociais ou na saúde [1].
As perturbações associadas ao sono das crianças são, na maioria das vezes, o resultado do comportamento parental e não de disfunções da criança. Assim, são os hábitos de vida dos pais que não vão ao encontro das necessidades das crianças [2]. A maior parte dos jovens deita-se cada vez mais tarde[2]. As crianças e os jovens são influenciados negativamente pelos hábitos dos pais, pela sedução das comunicações e eletrónica, como a televisão, os telemóveis e os jogos de computador, assim como, pelo excesso de ocupações diárias [3].
Durante o sono a atividade cerebral continua em processamento, nomeadamente no que concerne à manutenção da rede hormonal e das funções cognitivas, o que tem implicações na consolidação da memória e é fundamental para a capacidade de aprendizagem e para o desempenho académico[4].
É neste contexto, onde a diferente literatura refere que as horas insuficientes de sono afetam o raciocínio, a estabilidade emocional e o comportamento dos adolescentes, que nos levou a equacionar a seguinte questão geral: Estarão os alunos do AENA a dormir o número de horas consideradas suficientes para a sua idade? Desta questão geral, resultam as seguintes questões específicas: Qual a perceção dos nossos alunos face à relação entre a aprendizagem e o número de horas de sono? Consideram importante alterar atitudes?. Procurando dar resposta às questões levantadas, foi aplicado um inquérito por questionário a 316 alunos do AENA, distribuídos de acordo com o quadro I:
Quadro I - Anos de escolaridade e escolas do agrupamento onde foi aplicado o questionário
Ano |
7º |
8º |
9º |
10º |
11º |
12º |
Total |
133 |
31 |
66 |
56 |
30 |
0 |
316 |
|
Escola (NA= Nuno Álvares FV = Faria Vasconcelos CCB= Cidade Castelo Branco) |
NA |
FV |
CCB |
Total |
|||
141 |
141 |
34 |
316 |
2. Análise de resultados
Da análise feita a partir do inquérito por questionário aplicado aos alunos, concluiu-se o seguinte:
- Ao nível do ensino básico, os alunos dormem em média por dia: 8,1 horas. No ensino secundário, os alunos dormem, em média, por dia: 7,7 h. De acordo com a revisão de literatura, para estas faixas etárias, deveriam dormir, pelo menos, 8,5 horas a 9,5 horas [5].
- A grande maioria dos alunos, quer do básico, quer do secundário deita-se entre as 22 horas e as 23 horas. No entanto, as raparigas, de um modo geral, deitam-se mais cedo (entre as 21 horas e as 22 horas), embora a percentagem não seja significativa. Apenas 6 alunos se deitam a partir das 24 horas (4 do básico e 2 do secundário);
- Perante a questão: quantas vezes acordas durante a noite?, a maioria dos alunos referiram: 0 horas a 1 horas, revelando uma boa qualidade do sono;
Acordas frequentemente durante a noite? |
0h |
1h |
2h |
3h |
Total |
175 |
106 |
26 |
9 |
316 |
- Perante a questão: consideras que dormes o número de horas suficiente por dia, durante o período de aulas?, a grande maioria dos alunos consideraram que sim.
Consideras que dormes o número de horas suficiente por dia durante o período de aulas? |
1 |
2 |
3 |
4 |
5 |
6 |
Total |
4 |
50 |
134 |
93 |
6 |
2 |
289 |
5 representa: - Dorme muito e 1 representa: - Dorme pouco
- Finalmente, quando os alunos foram questionados se achavam que a falta de sono poderia prejudicar a sua predisposição para a aprendizagem, a maioria consideraram que sim. Contudo, cerca de 30% ainda desvaloriza este facto.
Achas que a falta de sono pode prejudicar a tua predisposição para a aprendizagem? |
1 |
2 |
3 |
4 |
5 |
Total |
36 |
60 |
63 |
91 |
66 |
316 |
5 representa: - Prejudica muito e 1 representa: - Não prejudica nada.
3. Conclusão geral
Da análise dos resultados verifica-se que, tomando como referencia os dados publicados pela Centers for Disease Control and Prevention(2013), os nossos alunos não têm a noção de que estão dormir menos horas do que seria expectável. Contudo, têm, de modo geral, a noção de que as horas de sono têm interferência na sua aprendizagem.
Referências
[1]Oliveira, O. e Anastácio, Z. (n. d.). Influência da Qualidade do Sono na Saúde, no Comportamento e na Aprendizagem de Adolescentes de 2.º e 3.º Ciclos do Ensino Básico Português. Acedido a 5/11/2016, em: http://repositorium.sdum. uminho.pt/bitstream/1822/12626/1/Artigo_PsicEducacion2011_Olinda_Zelia.pdf;
[2] Lavie (1998); Owens (2005); Matos & Sampaio, (2009) citados por Ribeiro do Valle, L. E., Ribeiro do Valle, E., Reimão, R. C. (n.d.). Sono e Aprendizagem. Acedido a 10/11/2016, em:http://pepsic.bvsalud.org/scielo. php?script=sci_arttext&pid=S0103-84862009000200013
[3] Paiva (2010) citado por Oliveira, O. e Anastácio, Z. (n. d.). Influência da Qualidade do Sono na Saúde, no Comportamento e na Aprendizagem de Adolescentes de 2.º e 3.º Ciclos do Ensino Básico Português. Acedido a 5/11/2016, em: http://repositorium.sdum. uminho.pt/bitstream/1822/12626/1/Artigo_PsicEducacion2011_Olinda_Zelia.pdf
[4] Guyton & Hall (2002); Curcio et al.(2006) citados por Ribeiro do Valle, L. E., Ribeiro do Valle, E., Reimão, R. C. (n.d.). Sono e Aprendizagem. Acedido a 10/11/2016, em:http://pepsic.bvsalud.org/scielo. php?script=sci_arttext&pid=S0103-84862009000200013
[5]Centers for Disease Control and Prevention (2013). In Privação de sono na adolescência pode causar problemas de saúde. Lisboa.
Equipa que realizou o estudo:
António Corga
Armando Esteves
Carla Ponte
Fátima Domingues
João Barata
José Duarte